quinta-feira, 4 de março de 2010

Tortamente Reta



Tudo está torto
Como árvore seca
Do serrado
Madeira que vira lenha
Lenha que vira carvão
Que aquece e depois
Vira cinzas
Cinzas que o vento
Leva e espalha no campo
Brisa suave em um dia quente.
O tempo nos engana
Hora ele é longo
Ou curto.
É diferente para cada um que o
Observa.
É como a Razão
Que é amiga da insensatez
E o torto torna-se apenas
Um acaso no meio de uma reta.
Ninguém vê
Porque já se nasce torto.
A venda nos olhos só
Permite-nos vê,
O que os nossos olhos
Nos permite.
E a isso chamam de tradição,
Esquecem que há corações
Que bombeiam o mesmo líquido
Vermelho que correm nas veias
De qualquer um que se diga humano.
Paixões, pulmões, braços,
Abraços, todos caminham
Pela mesma estrada torta
Das leis retas,
Só nos cabe retirar a venda
Se crermos que há caminhos tortos
Para se percorrer,
Não que as faremos retas,
Mas que transformaremos em aliadas
Para desviarmos dos buracos,
Buracos que são
Outro capítulo da mesma caminhada
Torta que vivemos.

Malcy Negreiros

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