quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SEGREDO

O som do vento...
São palavras,
As ondas do mar na quebrada da praia...
São palavras,
O barulho do fogo,
O cantarola dos grilos,
O silêncio...
São palavras.
Palavras que
Eu escrevo,
Que tu escreves,
Que ele escreve,
Que todos nós e vós
Incluindo eles
Escrevem.
E assim iluminam as mentes
Que mentem
E mantém os mistérios.
De quem falo...
Para quem escrevo...
Ouça as palavras que digo,
Feche os olhos para ler
E poderá decifrar.


Malcy Negreiros

quarta-feira, 24 de março de 2010

SOB A LUZ


Sob a luz
Tu sais da escuridão,
As palavras brilham
Em tua boca e
Ganham lamentos.

Sob a luz
Tua face se ilumina.
És como candeeiro
Em noite sem lua,
Seus olhos desejam
Mais que o horizonte
Tuas vestes te reduzem
A mera seda
E revela nua tua alma.

Sob a luz
Teus negros cabelos
Enfatizam a beleza
Do ser.
Iguala as sombras
A mera tonalidade
De cinza.

Sob a luz
Tua é a imagem
E sombras é
O meu pensar,
Decadência de uma noite
Sem tua presença.
Já não conto as estrelas
Nem espero o nascer
Dos dias, me contento
Apenas em te ver
Sob a luz.

Malcy Negreiros

segunda-feira, 8 de março de 2010

E AGORA!


E agora!
Já não tenho casa,
Já não tenho Fátima,
Só há criticas
Que me engolem,
As mentiras
Foram contadas,
O acerto
Foi errado,
E eu não existo
Mais em mim.
E agora!
Pensam que sou louco,
Pensam que estou morto.
Vigiam minha janela
E tudo mais que
Por ela passa...
Não importa se no
Véu da noite,
Ou se no escuro da moita,
Olhos criminosos queimam
Línguas, serpentes,
Víboras e Bípedes rastejantes,
Incrédulos sem amor.
E agora!
Que nada mais funciona
Que nada mais me consola
Que o desrespeito me isola...
O que faço em meu exílio?
Sem eixo, me queixo sem resposta...
E agora!

Malcy Negreiros

sábado, 6 de março de 2010

LENDA DO CORAÇÃO



Dois corações
Voavam juntos,
Certo dia
Pelo embate
Da longa jornada
Diz um:
“vamos pousar?”
Sem pensar e solidário
O outro concorda
De imediato.
O primeiro escolhe seu
Repouso sob uma rosa branca,
A idéia era que quando
O outro sobrevoasse o jardim
Facilmente a identificaria.
As horas passaram
E quanto mais passava
Mais se desejava ficar.
A rosa branca com suas
Pétalas aveludadas
Rubras se tornaram
Misturando – se a cor
Do coração adormecido.
O outro agora descansado
Sobrevoou o jardim,
Uma vez, duas vezes, logo depois
Mais uma vez e mais uma,
Varias vezes e lá de cima
Não encontrou sua metade;
Surgiu o primeiro coração partido.
As rosas, agora rubras, multiplicaram
Com a esperança de um dia ofertada
Encontre novamente o coração
Que partiu amargurado.
Se você vires uma rosa vermelha
Não pense e de imediato oferte-a
A seu amor perdido ou esquecido
Seja solidário você poderá esta
Realizando um encontro mitológico
De um amor perdido.

Malcy Negreiros

Sou Maria


Eu sou Maria...
De Zefinha,
De Eduardo,
De mãe preta do leite,
Da canjiquinha,
Dos nove filhos,
De mãe solteira.
Maria da cozinha,
Do bordado, da feira,
Da rede.
Maria da solidão, do açoite,
Da surra, da humilhação,
Do sangue no chão.
Maria de Maria,
De sexo fácil, forçado,
No empurrão.
Maria...
Maria dos cegos,
Dos cafetões,
Dos 12 anos,
Das terras, do barro.
Maria de outras Marias,
Maria Mulher,
Maria Rosa,
Maria Fulôr,
Maria de um único amor,
Maria e só Maria
Eu sou.

Malcy Negreiros

sexta-feira, 5 de março de 2010

Quem Me Dera!


Olhar para o céu
E ver todas as estrelas
Possíveis existentes
Em seu Coração;
Quem me dera!
Sentir o vento
Em meu rosto e perceber
A pureza do aroma das
Flores silvestres de meu
Cariri;
Quem me dera!
Tirar-te dessa ilusão
Que escurece seu pensar
E entorta meu viver;
Quem me dera!
Aceitar sua arrogância
Sem ter que chorar,
Sem ter que sofrer;
Quem me dera!
Ser algo de tua precisão
E assim saber
Que sou por ti almejado;
Quem me dera!
Poder atender a todos
Os seus sonhos para que
Aos poucos me permita
Conquistá-la.
Quem me dera!
Conhecer o seu viver
E somente viver em
Sua mente, mesmo
Que sem semente
Possa padecer.
Quem me dera!
Ganhar, Sorrir,
Sonhar e amar
Sem nunca ter que
Esconder-te,
O meu EU.

Malcy Negreiros

quinta-feira, 4 de março de 2010

Alma


Fecho meus olhos
Para não mais
Abri-los.
Tranco-me
Neste escuro sombrio,
Desfaço-me da luz,
Das cores,
Das asas que me destes.
Como doe sentir
Minhas lágrimas
Banhar o jardim que
Outrora era tão cheio
De ti.
Eu que era
Sua fonte dos desejos
Perdidos,
Agora sou rosa
Despetalada;
Apenas
Cravos brancos
Acompanham-me.
O frio da manha
Ensolarada me reveste,
Arranca de meu
Féretro corpo
A alma que te amou,
Que te sorriu,
Que te beijou,
Que um dia viveu.


Malcy Negreiros