quinta-feira, 4 de março de 2010

Meu Peito


Dói meu peito,
Por ter sido ele transpassado
Pela lança que cala as multidões.
Dói e escoa pelas ruas
Em silêncio,
Como fuxico de comadres.
Dói como a verdade
De seus olhos
Que queima minha alma,
Apaga meus sonhos,
E engrandecem meus algozes,
Esses que às escondidas
Desejam ver as lágrimas
Como rios vorazes.
Dói meu peito
Como em qualquer peito
Que não pode amamentar
Seu fruto,
Como qualquer língua
Que deseja se soltar em gritos
Como qualquer desejo de amar.
Dói acovardado em sigilo,
Preso pela ignorância
Do saber, do proteger.
Dói e chora pelas
Fardas Rasgadas
Pelas bandeiras Levantadas,
Pelas trincheiras agora rasas.
Dói meu peito,
Dói por amar
Algo que não mais existe
Em seu coração.


Malcy Negreiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário